Domingo, 27 de Fevereiro de 2011

"A lágrima"

 

 

"O amor do poeta é maior que o de nenhum homem; porque é imenso, como o ideal, que ele compreende, eterno, como o seu nome, que nunca perece" (Alexandre Herculano).

 

Uma lágrima rolou do rosto de alguém, caiu no chão e sumiu-se. Essa lágrima deu origem ao nascimento duma lágrima gigante e dessa lágrima formou-se um gigantesco oceano. Um oceano de um só peixe, que vive solitário dentro do seu aquário. Desse oceano, sai a água para regar as mais lindas flores expostas numa jarra. É a lágrima do ciclo dessa água pura e cristalina. É a fonte da vida de alguém que precisa dessa água.

 

(Este poema de minha autoria, dedico-o carinhosamente aqueles que são mais velhos e têm amor à vida).

 

 

                    A lágrima

 

Uma lágrima cristalina rolou

naquele rosto já carcomido e engelhado

é aquele, de quem já muito amou

o seu amor que Deus lhe levou

ou talvez, o condão do seu passado.

 

Aquela pequena lágrima caiu,

ao de leve no colo do seu regaço

que por magia num instante se sumiu

escondia a luz cintilante que não se viu

esvaziando o lugar do seu espaço.

 

Uma lágrima serve de desculpa

a quem, nada de seu tem

a uma vida dedicada e de luta

que cai do rosto de alguém.

 

Some-se, esconde o que lhe convém

saudades, memórias e o seu passado

tristemente parte para o além

e esvoaça sem deixar recado.

 

Entre as mãos, na ponta dos seus dedos

treme sem graça toda a desgraça

oculta todos os seus segredos

dúvidas constantes, também medos

só uma lágrima nua, disfarça.

 

Muito perto, já caminha sem ilusão

passos lentos, aonde já está inscrito

surge mais uma lágrima que cai no chão

indica a última morada na escuridão

além, lá longe, algures no infinito.

 

      ArtCar

 

publicado por Artur Cardoso às 02:14
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