Para mim, é talvez esta a forma mais simples para agradecer aos pescadores profissionais da Afurada, Lordelo do Ouro e Cantareira, da maneira como me acolheram entre eles, dando-me a conhecer algumas das suas artes de pesca. São homens afáveis, respeitadores e fazem respeitar as suas próprias leis.
O meu obrigado.
Como verdadeiros heróis que são, da forma como enfrentam as fúrias do mar, vão todos os dias para a faina pesada e arriscada, exceptuando aqueles de mau tempo, tempestades de águas não navegáveis.
È um espectáculo de se ver. As manobras dos barcos, os preparativos para as suas partidas e chegadas... é única e simplesmente uma verdadeira torrente de emoções fortes.
As gaivotas em círculos rítmicos e graciosos, numa verdadeira dança, enchem os ares de alegria, com os seus piares estridentes que até parecem imitar os humanos. O vai e vem dos barcos em frenesim, que rasgam com a sua força as águas, ora serenas, ora agitadas, em rumo às suas arriscadas tarefas. Tudo isto dá ênfase à vida daquelas gentes ribeirinhas.
Quem quiser apreciar tão encantadoras imagens, é só disponibilizar um pouco do seu tempo fazendo-se acompanhar de uma máquina fotográfica ou de filmar.
Lobos do mar
A noite vai caindo sorrateira
e os barcos...
já aviados em terra,
preparam-se para abalar...
um a um, vão partindo.
Redes e artes artesanais,
já lá nos faróis...
as sirenes vão bramindo,
é o aviso...
constante aos arrais,
que enfrentam a fúria do mar.
Em terra...
as famílias ficam a rezar,
para que Deus...
no caminho os proteja,
das tempestades...
dos abismos a espreitar.
E eles...
entregues de corpo e alma a laborar,
olhos bem abertos...
para que bem se veja,
o regresso...
dos valentes lobos do mar.
Acaba a noite...
lá longe nasce a aurora,
os barcos...
rumam até às suas lotas,
trazem o pescado...
o cheiro intenso a maresia.
Regressam sãos e salvos,
e sem demora...
ladeados das companheiras gaivotas,
é simplesmente assim...
a faina árdua de cada dia.
poema de minha autoria, escrito e publicado em 8 de Outubro de 2010
ArtCar
Acordei com um forte desejo de ir ao mar para fazer mais uma das minhas pescarias, mas por ironia do destino e com muita pena minha, não me é possível.
E não me é possível porquê?
O dia está um pouco enfarruscado e lá longe no horizonte, lá para o lado norte, as nuvens correm ligeiras empurradas pelo vento, ameaçando uns fortes aguaceiros.
Também não faz mal, estes dias assim, para mim são mais calmos, mais tristonhos, trazem-me à lembrança coisas do passado e escrevo com um pouco mais de nostalgia. Enquadram-se com perfeição e harmonia à minha maneira de ser e de estar na vida.
Relembro coisas das minhas memórias, que só mesmo o aparo da minha caneta, as avivam na brancura do papel.
Não será só por isso que não vou pescar.
O facto é não se poder navegar, pela agitação do mar e a ondulação, que oferece muitos perigos.
Pois muito bem: fico em casa, trato de alguns assuntos domésticos e como não poderá deixar de ser; escrevo.
Tenho já preparado com alguma antecedência para divulgação no meu blog, mais um dos meus poemas. Então vem mesmo a calhar e aproveito mesmo para o fazer.
Este meu poema é como que um hino, escrito para o corajoso e destemido pescador.
Sou pescador
Tenho nas veias o mar
no peito sinto amor
como companheiro o luar
e como sina, ser pescador.
Horas gastas de paciência
e embriagado de prazer
aos peixes dou assistência
a pescar, cumpro meu dever.
Persistente, solitário e triste
a quem ninguém dá valor
mas no seu coração existe
a sua condição de pescador.
Pelo desporto tem vigor
e pelo mar tem respeito
pelo anzol tem primor
também para a cana tem jeito.
Quando o peixe se ferra
o pescador fica contente
pescador da minha terra
pacífico, terno e valente.
Também quando enamorado
sente a sua alma vibrar
de regresso trás o pescado
e trás a força do mar.
Chega a casa com felicidade
satisfeito com sua altivez
Pescador até há eternidade
orgulhoso mais uma vez.
poema de minha autoria, divulgado em 6 de Outubro de 2010-.
ArtCar
Estamos na época do ano em que as douradas são menos secas e a sua carne torna-se mais macia e gostosa.
Depois de mais uma das minhas pescarias às douradas, esta ao largo da barra do rio douro, chegou o entardecer e o regresso a casa.
Trago comigo a força do mar, a felicidade de viver e uma vontade extraordinária de cozinhar.
Achei que uma receita de douradas grelhadas nas brasas, seria uma excelente ideia para um bom jantar de domingo.
Douradas pequenas ou médias.
-depois de amanhadas e muito bem lavadas, fazem-se pequenos golpes transversais em cada uma delas com espaços de três centímetros
-salgam-se em seguida e colocam-se na grelha sobre brasas pouco vivas
-depois de grelhadas dispõem-se numa travessa, regando-as em seguida por cima, com o molho previamente feito.
"Molho para douradas grelhadas"
ingredientes:
- um 1/4 de litro de bom azeite
- 3 dentes de alho
- 1 pernada de orégãos
- 1 raminho de salsa
- uma folha de loureiro
- sumo de meio limão (como alternativa:-4 colheres de sopa de vinagre)
- 1 colher de chá de colorau
- 1 colher de chá de pimenta
- 2 pernadas de erva da ribeira (mais conhecida por erva peixeira)
nota:-não é muito comum encontrar esta erva aromática (erva da ribeira) nos hipermercados, mas encontra-se à venda em vasos, em qualquer horto. Caso não consiga arranjar, substitua-a por três ou quatro folhas de manjericão ou hortelã.
Migam-se muito fininhos todos estes ingredientes numa taça ou em molheira e regam-se com o azeite e sumo de limão.
Mexe-se tudo muito bem, fica em repouso duas ou três horas e em seguida regam-se por cima das douradas acabadas de grelhar.
Para complementar este prato, servem-se batatas cozidas com casca.
Recomendo um bom vinho maduro, tinto carrascão.
ArtCar
Este, é mais um dos singelos episódios da minha vida, numa linda manhã de pesca.
É tão real e fascinante que me levou a escrever este meu poema, dedicando-o a todas as pessoas que admiram as gaivotas e a própria natureza.
"Gaivota, minha companheira"
À deriva pelo meio da corrente
o meu barco. navega sorrateiro
por cima, uma gaivota paira no ar.
Espelha na água transparente
com gestos suaves, parece acenar
como quem diz... olá companheiro.
Que perfeita harmonia, quanta beleza,
uma simples gaivota pobre mortal,
propaga uma profunda emoção.
São coisas místicas da natureza
tão linda... nunca vi outra igual,
parece dizer, dá-me a tua mão.
O barco flutua nas ondas serenas,
o vento aprazível, de agradável aragem
afaga com ternura as suas penas,
e a Gaivota voa para outra paragem.
Poema de minha autoria, publicado em: 3 de Outubro de 2010.-
ArtCar
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