Tanto apego dedicado
a padecer de ternura por ti
tantas vezes importunado
tanta incompreensão por mim.
Contemplo obstinado o teu olhar
no mais íntimo dos anseios
deixa-me em ti para sempre ficar
repousar na frescura dos teus seios.
Meu mundo, meu mar, ó mulher!
Mulher que me enlouquece e guia
do teu cerne quero beber
a seiva que me basta e sacia.
Perco-me na tua imensidão
delicio-me com a tua beleza
mergulho nesta minha ilusão
de loucura e de tristeza.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Por mero acaso encontrei-a com ar introvertido
maquilhada a preceito e bem arranjada
por acaso não tem marido
toda vaporosa e extremamente decotada.
Achei-a meio estranha, mas porém
cá para mim anda moiro na costa
cabisbaixo sem falar a ninguém
com os lábios pintados cor de lagosta.
É uma bela e vistosa mulher
que não haja nem sequer a menor dúvida
ninguém tem nada a dizer
da sua recatada vida.
Tem um caso que ninguém sabe
disse-me e logo se afastou
antes que o caso desabe
diz que disse, mas não confirmou.
Então por via das cócegas
quem me disse foi o vizinho do lado
falou-me dumas coisas estranhas
afinal, é ele o contemplado.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Freixo, terra de velhas tradições e sustentáculo
de onde saí ainda rapaz
terra sem preconceito nem obstáculo
terra que a mim muito me apraz.
Em Freixo, o pão é abastança
e monumentos de deslumbrar
terra onde uma criança
cresce saudável a brincar.
Corre pelas ruas em liberdade
brinca aos imaginários no ar
a brincadeira ainda tem mais sagacidade
sem ninguém a importunar.
No altar do Penedo Durão
por lá ainda canta a perdiz
perde o olhar na imensidão
assim afirma quem bem o diz.
Ligares e Poiares, aldeias prazenteiras
aldeias de muita luz colorida
de belas raparigas feiticeiras
a quem por lá passa dão guarida.
Masouco, é pitoresca e preciosa
debruçada sobre o douro
terra de laranja famosa
do sopé ao miradouro.
Fornos e Lagoaça sem fronteiras
aldeias singelas de trigais
de gentes simples e verdadeiras
onde proliferam os pardais.
Cinco pérolas de concelho
duma terra nobre e distinta
rendo-me aos seus encantos e ajoelho
minha terra, Freixo de Espada à Cinta.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Ergue o seu frágil corpinho em bicos de pés
mete a mãozinha na água do lago
de tal maneira engraçada em viés
para à água fazer um afago.
Caiem folhas inertes tocadas pelo vento
estica-se ainda mais para as apanhar
ao olhar persistente dum adulto atento
a todos os gestos da sua maneira de brincar.
É tão lindo o contacto das crianças com a natureza
felizes a brincar com a água em movimento
é duma nobre e recompensadora riqueza
dar às crianças atenção e entendimento.
Brincar na natureza é saudável e dá vigor
para explorar capacidades físicas e mentais
a natureza convida aos afetos e ao amor
dos olhares atentos de seus avós e pais.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
A chuva cai suave e agradável
traz-me à lembrança coisas do passado
deixa-me apático e um pouco triste,
bate em mim uma saudade inolvidável
de profundo sentir pesado
dum passado que já não existe.
Vão passando os anos e o tempo sulca a memória
abre brechas dum copioso relembrar não sarado
e de marcantes momentos inesquecíveis,
cerro os meus olhos molhados pela angústia
porque chovem lembranças do passado
na minha memória reversíveis.
Quem me dera voltar outra vez a ser menino
como quando descia as escadas a correr
e saltava para os braços do meu pai,
sempre irrequieto e ainda sem tino
por tanto bem lhe querer
corria para ele num constante vem e vai.
Agora apenas sinto o peso da realidade
a lembrar o meu querido e saudoso pai
desde menino irrequieto até à eternidade,
assim é a saudade de toda a humanidade
quando a chuva tranquilamente cai
e traz à lembrança a melancolia da saudade.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
São inesquecíveis aqueles dias de setembro
dias cálidos e noites amenas de verão
como ainda muito bem me lembro
julgamos os dois serem de eterna duração.
Foram dias de amor e de bem
sem termos qualquer compromisso
apenas e só amor e porém
tão faustos que fomos por isso.
Só nós os dois sem horas marcadas
como gaivotas apaixonadas em liberdade
seminus de alpergatas calçadas
sorriamos um para o outro sem maldade.
Foi tão bom mas cedo acabou
as férias num instante terminaram
assim foi que entre nós tudo começou
quando os nossos caminhos se cruzaram.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
O amor não tem cor
não sabe o que é antipatia
muito menos o que é aversão,
o amor é um hino ao alvor
bem cedinho ao nascer do dia
é ter pureza no coração.
Não me chamem por favor sentimental
não me julguem assim tão singelo
só quero andar de bem com a minha humildade (….)
No amor, sou sempre frontal
na singeleza, gosto do simples e do belo
em suma, sinto o amor em plena liberdade.
Gosto do amor discreto
do amor à primeira vista
de qualquer maneira,
calculado, desregrado (….)
O amor tem que ser correto
é extraordinário e conquista,
como estopa a arder na fogueira
o amor, é lindo quando civilizado.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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