Amigo, pareces-me triste
suponho que te não estou a conhecer
o que é que tu viste ou ouviste
conta-me o que te está a acontecer.
Deixa a água do rio correr
pois que corra por debaixo da ponte
deixa as más línguas dizer, mal dizer (….)
Amigo! Tu, não tens nada que te aponte.
Amigo, abre a tua mente
e segue o teu coração
não fiques assim tão deprimente
anda, vem, dá-me a tua mão.
Repara na beleza duma flor
olha como é sensível e delicada
os martírios que ela passa por amor
e não fica triste, nem tampouco irritada.
Amigo, espairece, observa o horizonte
e diz de mansinho, “como é bonita a vida”!
Deixa correr a água por debaixo da ponte,
e vê como ela corre, “nunca desiste da corrida”.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Chilreia um serzino no topo duma árvore sobranceira
saltita de galho em galho e persiste alegre e longamente
talvez esteja a chamar a sua amada e companheira
porém, eu escuto-o de dentro do meu carro atentamente.
Hoje, as árvores parecem estar mais empobrecidas
sem a residente e estridente passarada e no entanto
vão-se acamando as folhas uma a uma pelo chão caídas
no jardim à beira mar que perde o seu comum encanto.
Também não vejo gaivotas a saciar a sua sede
na água fresca do tão harmonioso laguinho
e a relva vai perdendo a sua brilhante cor verde
onde os patos abandonaram o seu ninho.
Nem oiço gargalhadas das alegres crianças a correr
nem vejo as brincadeiras dos cães a levantar poeira
é o outono que pouco a pouco se está a enfurecer
apenas vejo o homem das castanhas de mãos na algibeira.
E o pregão, quentes e boas já em desuso
que muito a mim me agradava ouvir apregoar
no tão conhecido jardim dos namorados e do intruso
jardim do passeio alegre à beira mar.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de Minha autoria).
Casto e honrado lavrador na sua pujança
que tanto se esfalfou a trabalhar
deu o seu melhor com a esperança
de um dia poder tranquilamente descansar.
Isto é como tudo na nossa vida
os tempos vão mudando necessariamente
e aos poucos a coragem vai acabando esmorecida
com mãos cansadas do homem de antigamente.
Honrado lavrador de antigamente
que sacrificava a vida pelos campos de cultivo
logo de manhãzinha cedo e habitualmente
lá ia ele alegre para o trabalho, decisivo.
Nunca se queixou de alancar com tão pesado fardo
muito duro em dias e dias de frio e de orvalho
ainda mal o dia nascia e ao lusco-fusco pardo
andava sempre alegre no seu trabalho.
Mudam-se os tempos em mutação
transformou-se a mão de obra em maquinaria
o lavrador de outrora tinha por condão
trabalhar a pulso por obrigação necessária.
Quanto do seu suor derramou no custoso labor
para no dia a dia poder granjear o seu pão
o exímio e honrado e calejado lavrador
nunca ao seu trabalho disse que não.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Quem sabe amar a vida
e todos os dias dar graças ao acordar
não tem a menor dúvida
que é bom sabe-la amar.
Andar de bem com ela
naturalmente por bom motivo
faz dela a mais bela
é obrigatório e intuitivo.
É ela quem em todos nós manda
embora por vezes seja penosa
quem de bem com ela anda
pode chamar-lhe ditosa.
É a vida que nos ensina a viver
pensar positivo e a respeitar
com amor e humildade,
cada um com a sua maneira de ser
a ela todo se dar
e saber ama-la com dignidade.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Uma mistura de cheiros
a caruma dos pinheiros
e marmelos maduros
o cheiro a mosto a fermentar no lagar
águas tépidas a correr nos ribeiros
dias mais pequenos e obscuros
as primeiras chuvas e frios ao acordar.
É a cadência sem argumento
folhas mortas e abandonadas a jazer
a um canto qualquer dum lugar abandonado,
o outono é um hino de ternura e sentimento
é a estação que me dá mais prazer
é a lembrança do tempo passado.
É a natureza bucólica e adormecida do meu jardim
a nudez das árvores desprovidas de folhagem
flores cíclames, dálias, margaridas e jasmim
e campos de aspeto selvagem (….)
E esta saudade que sinto em mim.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Lembro-me saudoso da minha mãe
que partiu agarrada à vida já idosa
porém. se existe o Além
peço a sua divina bênção ditosa.
Na despedida balbucia uma oração
parte tranquila deste mundo
e despede-se de mim de antemão
com um suspiro calmo e profundo.
Sofreu com tanta dedicação
pelos desgostos que eu lhe dei
guardo a minha mãe no coração
minha “Mãe”! Quanto a amo e amei.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Um amigo tem um amigo
esse amigo um amigo tem
guarda os teus segredos contigo
e não os contes a ninguém.
Quero contar-te um segredo
só a ti o quero contar
mas, tenho tanto, tanto medo
que em mim não vás acreditar.
Quero contar-te um segredo
que só eu o posso contar
contar-te tenho medo
deixa-me no teu ombro chorar.
Não sabes o quanto eu quero
contar-te um segredo
talvez um dia, assim o espero
mas contar-te tenho medo.
Quero contar-te um segredo ao ouvido
mas tenho medo e porém
não vou contar-te porque sou tímido
não o conto a ninguém.
Só ao mar eu o vou contar
um segredo, o meu segredo profundo
só nele posso confiar
em mais ninguém deste mundo.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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