Deixa-te embalar pelas melodias angelicais
dos versos escritos e cantados por poetas,
adormece com a paz dos anjos celestiais
e com a subtil leveza do voar das borboletas.
É natal e o natal é em todo o mundo,
abre de mansinho os teus olhos ao acordar,
na nossa vida não há amor mais profundo
do que o da nossa família dentro do lar.
Mas não é só a família que se deve amar,
o natal não tem marcas delineadas,
é sentir o cheiro da névoa e do frio na rua,
é dar um pedacinho de nós a quem anda a mendigar
como o sol mendiga um sorriso da sua amada lua.
Toca ao de leve o coração que te bate no peito,
arranca-lhe um pouquinho do teu orgulho,
pensa no natal daqueles que se não levantam do leito
e melancólicos,
nem sequer podem ouvir barulho.
Como é cruel haver tanta falta de amor humano
duma sociedade que se dissipa em decadência,
a maior dádiva da nossa vida é o viver do quotidiano,
é natal!
E o natal é amor e consciência.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Os natais são sempre natais
de cariz religioso e divino
dos bons exemplos ancestrais
a adorar o Jesus menino.
Com um gesto sentimental
de amor e fraternidade
todos se desejam bom natal
os homens de boa vontade.
Levanto o olhar ao céu estrelado
penso na paz e no amor divinal
firmemente neste chão sagrado
peço ao Menino um santo natal.
Dantes a noite santa brilhava
numa intensa luz celestial
a todos iluminava
e para todos era natal.
Parecia avistar-se um clarão
no imaginário uma estrela alva
com tanta alegria no coração
em toda a terra se fixava.
O natal de agora
é controverso e incerto
para mim é a toda a hora
de coração verdadeiro e aberto.
Deveria ser sempre natal
e a ninguém ser indiferente
para todos não existe afinal
é só para alguma gente.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Hoje ando distraído a amanhar a terra do meu jardim
provo as laranjas amadurecidas e doces do natal
acaricio a hortelã, o limonete, as gerberas, o alecrim,
entristece-me ver as roseiras esmorecidas no roseiral.
É inverno natural e no inverno faz sempre frio
arrefecem-se-me as mãos ao mexer no chão
digo baixinho um palavrão que balbucio
penso no natal, na paz, no amor, por uma razão.
Penso nos amigos, nas coisas boas e menos boas,
na minha família que é a luz da minha vitalidade,
penso na angústia de certas e determinadas pessoas
sem espírito natalício e sem alacridade.
Por onde andará o espírito natalício de outros tempos
quando as famílias se entendiam com boas maneiras
respeitavam-se mutuamente nos seus passatempos
e eram felizes e divertidas ao redor das suas lareiras.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
O mês de dezembro chegou
trás consigo a esperança de amor fraterno
e um certo menino que Maria gerou
nasceu ao frio numa noite de inverno.
E tantos meninos da cidade
meninos pela sorte desprovidos
andam pelas ruas em liberdade
como que em luta contra os inimigos.
Por falar de meninos de rua
aqueles que calcorreiam toda a cidade
que chamam à noite de sua
dão o dito por não dito e é sempre verdade.
Dormem em papelões a fazer de esteiras
nas suas brincadeiras são heróis
eles não sabem mas fazem asneiras
e tu, tu que sabes, tudo destróis.
Os heróis da cidade são meninos
que andam revoltados a vaguear
não têm maneiras nem ensinos
e pedem para se sustentar.
São filhos de pais perturbados
de famílias sem comiseração
desprezados e enjeitados
ainda por cima alvos de perseguição.
Não sabem o que é ter um pai e uma mãe
os heróis da cidade pelas ruas perdidos
mas sabem quem os olha com desdém
na noite fria enrolados em cobertores encardidos.
Meninos heróis da cidade
que não sabem o que é amor
andam nas ruas em hostilidade
sobrevivem às pressões do horror.
É dezembro, já as luzes iluminam o natal
luzes multicolores a cintilar
os meninos buscam amor fraternal
em quem lhes pode dar um lar.
Uma noite aproximei-me dum a sorrir
dum inocente menino sem maldade
ninguém o impede de andar a pedir
com os mais heróis da cidade.
Falo-lhe do natal e do pai natal
e disse-lhe para ter fé
entregue ao destino do mal
não sabe o que isso é.
Meninos heróis de rubor sadio
friorentos a tiritar de desventura
dizem que não têm frio
na sua condição de candura.
Só esperam algum presente
por ser o natal de todos os meninos
e um prato de comida decente
alguns são tão pequeninos.
Os meninos heróis da cidade
são tão meninos como os prendados
mal sabem a sua idade
andam pelas ruas mal alimentados.
O natal deveria ser mais solidário
entre todos os meninos da cidade
não só em dias de aniversário
mas sim, todos por igualdade.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Senhora de olhar cor de prata
fascina como o encantador luar
discreta e sensata
sobretudo meiga em particular.
É sublime e notável
toda ela é harmonia
a sua presença é tão agradável
diferente de qualquer outra na maioria.
Não sei o seu nome real
de tão elegante senhora
aquele olhar meigo e sensual
irradia como o nascer da aurora.
Fascina qualquer sedutor
que se preze de ser cavalheiro
aquele olhar tentador
é simplesmente verdadeiro.
Não me chamem sedutor
por ser frontal e certeiro
direi porém que ainda é favor
dizer que é terno e verdadeiro.
Pois sei que é verdadeiro
porque não tem altivez nem vaidade
é tão notável e sobranceiro
como é atrativo sem rivalidade.
Quantos olhares eu já admirei
quantos e quantos sem fim
mas como aquele nunca contemplei
ficou delineado dentro de mim.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Vida de campo em tempos de outrora
de árdua labuta sempre exposto
o ceifeiro não tinha tempo nem hora
de manhã à noite ao calor de agosto.
Ao nascer o crepúsculo da madrugada
já o ceifeiro andava curvado a ceifar
desde a ceifa até à malhada
só à noite regressava ao lar.
Outros tempos de antigamente
quando o suor ainda valia dinheiro
a jorna era mais que justa e eminente
que honrava o nobre ceifeiro.
Saciava da cântara as securas
entre o trigo maduro e rasteiro
a ceifar escondia as agruras
o honrado e trabalhador ceifeiro.
Debaixo dum tórrido sol infernal
de calças de burel e camisa de malha
o ceifeiro faz parte da história Portugal
com a foice na mão e chapéu de palha.
Lembro-me dum ceifeiro trigueiro
de mãos calejadas e corpo castigado
incansável e dedicado obreiro
de lenço no bolso e rosto suado.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Os teus olhos os meus ofuscam
como o sal do mar cristalino
ofuscam mas não arranham
como o temível felino.
Se eu fosse como o teu olhar
minha brejeira vareira
eu seria o sal do teu mar
e no chão a tua esteira.
Os teus olhos disseram-me um dia
que ainda havias de ser minha
e a minha intuição já o dizia
por seres vareira e rainha.
Os teus olhos são dois cristais de sal
que os meus ofuscam ao amanhecer
como duas azeitonas do olival
arrebatam todo o meu ser.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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