Chega a horas como no encontro marcado
de cigarro na boca e com ar de empáfia
dá-lhe um beijo muito repenicado
cheio de afeto e simpatia.
O encontro é no café ao lado
ela chega primeiro toda aperaltada
ele chega a seguir todo perfumado
elogia-a duma só assentada.
Ele diz-lhe!
“Adoro-te” (…)
Adoro-te como se fosses uma flor
ainda mais quando estou ansioso
adoro a tua vergonha de rubor
e o teu hálito gostoso.
Adoro o teu sol que me alumia
o luar do teu olhar
adoro o feitiço da tua magia
e o teu sorriso de encantar.
Adoro tudo o que é teu
mesmo o teu mau feitio
adoro-te desde o tempo de liceu
até mesmo o teu jeito gentio.
Perco-me em ti sem cessar
se soubesses o quanto te adoro
o segredo está no amar
como no princípio do nosso namoro.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Espairecem as andorinhas
felizes, cheias de alegria
nos dias amenos e soalheiros,
cobrem-se de parras as vinhas
os campos de magia
e nos bosques piam mochos agoireiros.
Andorinhas de encantos meus
sol deslumbrante a cintilar
de tamanha beleza,
andorinhas que se cruzam nos céus
com tanta graciosidade pelo ar
a empolgar toda a natureza.
Já não me lembro de as ver
quando ainda era pequenino
nos ninhos do beiral da casa onde nasci,
entravam ao escurecer
e toda a noite num silêncio divino
dormiam sossegadas até ao amanhecer.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Se eu fosse um poeta
haveria de fazer inveja
aos outros poetas pela certa
como o meu espírito o deseja.
Não sou poeta mas sou um sonhador!
Sonho acordado a todas as horas do dia
ninguém imagina a minha dor
e o quanto padeço de ansiedade e agonia.
Se eu fosse um poeta de verdade
haveria de escrever poemas de amor!
Tantos, tantos e lindos poemas (…)
Milhares de versos à liberdade,
outros tantos ao alvor,
poemas, sonetos, muitos versos,
sem preconceitos e sem vaidade.
Mas não sou um poeta!
Não sou um poeta mas gostaria de o ser (…)
Se eu fosse um poeta
voaria mais alto do que a borboleta
e beijava todas as flores ao amanhecer.
Todos me dizem que eu sou um poeta,
mas não! Não sou poeta algum!
Embora o ensejo em mim desperta,
mas não sou poeta,
não sou poeta nenhum.
Não sou um poeta!
Ai, se eu fosse um poeta,
se fosse um poeta
como aqueles que o são (…)
Atingiria a minha meta,
mas não sou um poeta!
Embora escreva com alma e coração.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Parti um dia em busca da prosperidade
e deixei as minhas origens de Trás-Os-Montes
onde cresci em liberdade
e bebi nos montes água fresca das fontes.
Encontrei o progresso mas não a mesma liberdade
tropecei nas pedras que me atiraram para o caminho
andei errante pelo mundo cheio de inesgotável saudade
do meu singelo mas bonito cantinho.
Deambulei como um nómada de terra em terra
por terras onde me senti deslocado
e lá nos confins do mundo andei na guerra
até que um dia voltei ao meu lar amado.
Ó! Minha terra,
terra de encanto irresistível (…)
Freixo de Espada à cinta, terra onde eu nasci,
deixei-te novamente o que é compreensível
mas com imensa saudade de ti.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Perdi a noção do tempo e adormeci!
Adormeci debaixo da minha laranjeira preferida,
quanta tranquilidade eu senti,
quanta ternura e emoção cândida.
O zumbir das abelhas ao redor dum zangão
um melro a trinar ao fim da tarde
senti dentro de mim tamanha emoção
que adormeci cheio de felicidade.
Adormeci extasiado de encantamento
no meu jardim de felicidade
se pudesse, parava o relógio por um momento
e que esse momento fosse uma eternidade.
Se pudesse, dormia para sempre extasiado
debaixo da laranjeira a permanecer,
tranquilamente, feliz e desenfadado!
No acontecimento, (…)
Gostaria de assim viver.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Meninas chiques de antigamente!
Bordavam em relevo a lua, passarinhos e uma flor
as meninas chiques de antigamente
meninas que davam suspiros de amor
e tocavam piano com compostura devidamente.
Meninas recatadas de boas maneiras
falavam francês com certa vaidade
não diziam palavrões nem faziam asneiras
meninas donzelas ainda de pouca idade.
Eram o orgulho do papá e da mamã
da vovó e da ama que sorriam enternecidas
meninas de outrora que não bocejavam pela manhã
ao levantar da cama ainda meio adormecidas.
Saíam à rua só para ir à missa e pouco mais
comungavam e só falavam com o senhor prior
sempre acompanhadas dos seus pais
meninas privadas com recato e pudor.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Um olhar alegre, um olhar de riso,
um olhar envergonhado e fugaz,
o envergonhado para mim é o mais conciso
e o alegre o mais sagaz.
Um olhar sarcástico é ofensivo
tão ofensivo como pedras em arremesso
é arrogante, indesejável e invasivo,
extremamente maldoso e travesso.
Das voltas que dou à minha imaginação
todos os olhares são apenas atitudes
uns de afeto, outros de indignação
e outros porém, muito agressivos e rudes.
Mas o teu olhar é tão belo da cor da prata
transparente como a água do rio a correr,
à luz da lua é como uma serenata
e no quarto, como o meu endoidecer.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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