Iluminavam-se as luzes de ribalta
sempre que pisavas o palco determinada
como te salientavas em alta
notável diva encantada.
Os anos foram por ti passando
as canseiras também a aumentar
volta ao palco de vez em quando,
mas volta (…)
porque gosto de te ver representar.
Volta com a mesma destreza
como naquela vez que me disseste
os teus olhos fixam a minha beleza,
volta,
como tão bem sempre o fizeste.
Volta pelas luzes iluminada
a gesticular, a rir e porque não a chorar
volta sempre minha bela amada
volta de novo a encantar.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Encontrei a mais misteriosa bruma da vida
sem seguir um rumo nem tampouco o meu norte
rasguei os pés a caminhar sobre laminas em terra batida
e na poeira nevoenta busquei a minha sorte.
Andei à procura como um escrupuloso tonto
virei o mundo às avessas só para o encontrar
foi a mais mordaz aventura que descreve um conto
para um dia mais tarde o poder recordar.
Malvada ironia a dos sarcásticos e cruéis mortais
que o subterraram nas profundezas do degredo
é a mais vil e medonha de todas as traições fatais
que me fizeram aterrorizar de receoso medo.
Este meu estremecimento intrínseco de ressentimento
dá-me náuseas de dor e de visceral ódio vindouro
mordaz aventura que castiga severamente o meu pensamento
só porque desejei loucamente um precioso tesouro.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
É festa no largo da aldeia
cheira a doçaria e açúcar queimado
toda a gente faz uma farta ceia
todos vão para o arraial animado.
Ribombam empolgados tambores
a alegria da pequenada
estrondam foguetes ensurdecedores
na festa da aldeia engalanada.
No arraial cintilam luzes multicor
pelas ruas vê-se gente a deambular
um par de namorados dão beijos de amor
fazem devanear os mais velhos ao passar.
Da minha terra, quanta saudade tenho
das festas, dos doces, do licor de canela (…)
quantas lágrimas detenho
quando de saudade me lembro dela.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Em todos estes anos a vida fez-nos envelhecer
de acre sentir de agruras e padecimentos
sempre ao lado um do outro a viver
e também felizes em tantos e bons momentos.
Devagarinho a vida foi-nos ensinando
a honrar incondicionalmente o nosso cabelo branco
lentamente e ano após ano a pele enrugando
mas sempre, sempre com o nosso sorriso franco.
Se o tempo voltasse para trás quarenta anos
à idade da ternura desse tempo antigo
se voltasse novamente por mágicos planos
sem duvida que casava outra vez contigo.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Já a lua vai alta no céu estrelado
e o mar medonho brame colérico
vem sentar-te a meu lado
neste lugar que parece quimérico.
Volta depressa ao encontro marcado
não percas tempo no caminho
não me deixes abandonado
porque sem ti morro de tédio sozinho.
Traz a tua boca de rosa perfumada
jura que não faltas à tua promessa
vem linda como a lua encantada
mas vem, vem para mim depressa.
O tempo condiciona o nosso beijo
pela ausência até à tua chegada
volta depressa porque morro de desejo
neste lugar cheio de tudo e de nada.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Olhava atenta e hilariante sentada
felicíssima do cimo do paredão
observava o vai e vem das ondas encantada
entre os meus braços agarrada pela mão.
O sol levanta-se ainda sonolento
esfrega os olhos meio estremunhado
e o avô de olhar atento
explica como o nevoeiro fica descerrado.
Divertiu-se imenso no paredão
as ondas batiam e faziam espuma
e os barcos lá longe pareciam acenar,
o rugido das ondas era como um trovão
espalhava-se por entre a bruma
e feliz contemplava o mar.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria),
Já parece outono,
a rua orvalhada
e ainda com sono,
dou por mim
a cheirar a terra molhada.
Avizinha-se o mês de setembro
e o frio também a chegar,
saudoso, hoje lembro
tempos que me fazem recordar.
Lembra-me o tempo de menino
o começar da escola
as Avé Marias ao toque do sino
o jogo do pião e da bola.
Quanta saudade tenho
dos meus amigos de outrora
quantos suspiros detenho
por o tempo áureo que foi embora.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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