Noutros tempos, tempos já idos
no tempo do arroz avulso
ouviam-se pelas ruas alaridos
de carros de bois guiados por homens de pulso.
Passavam por mim carregados a chiar
puxados por bois pachorrentos e fagueiros
e os carreteiros a aguilhoar
para os fazer andar mais ligeiros.
Ainda me lembro tão bem
das eiras onde malhavam o pão
era gente honrada e de bem
que trabalhava com destreza e determinação.
Muito boa gente não faz a mínima ideia
o que era trabalho inseguro
na eira para se ganhar tuta e meia
era preciso malhar no duro.
Quanto suor derramaram
por vezes em estado comovente
e sempre alegres, sempre lutaram
para tocar a vida para a frente.
Gente de luta e de fé
que se deitava à luz da candeia
uma côdea de pão e uma caneca de café
era o suficiente para a última ceia.
Carros de bois, de bois leais
que trabalhavam de sol a sol arduamente
assim como os nossos ancestrais
sempre rijos a trabalhar do nascer ao sol poente.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Delicado, cortês, de fino tratamento,
educado e extraordinariamente leal,
é para muitos um verdadeiro exemplo
de homem sonhador e sentimental.
Trata com precisão e oferece com delicadeza
uma gerbera ou uma rosa de cor carmim,
está na sua verdadeira natureza
oferecer cordialmente as flores do seu jardim.
O homens atual doravante
não motiva prazeres ao romantismo
nem aguilhoa simples gestos de harmonia (…),
dos seus ancestrais está muito distante,
das boas maneiras, de agrado, de humanitarismo,
humildemente com uma flor faz magia.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Jubila um sorriso sincero
o sorriso que mais fascina
o sorriso que sem exagero
é o da rosa mais genuína.
Nos seus olhos, lê-se confiança,
no sorriso, sinceridade e gostar,
num momento de esperança
está uma rosa formosa sem par.
Uma declaração açucarada
para uma rosa escarlate
é como uma caixa fechada
com bombons de chocolate.
Interpreta-se a palavra amar
a mais bonita das rosas
só ela sabe receber e dar
entre as mais belas e formosas.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Correm águas transparentes nas ribeiras,
nos pequenos riachos e nos ribeiros,
crescem nas suas margens figueiras,
junquilhos e salgueiros.
Correm cristalinas as águas das fontes
onde o sol de outono amadurece os marmelos
apanham-se as castanhas nos montes
dos castanheiros frondosos e belos.
Caçam pela noite os lobos noturnos
e piam os mochos solitários
espreitam dos fraguedos os coelhos furibundos
que não gostam dos lobos famintos e temerários.
A paisagem é tranquila e amena
naquelas serranias fascinantes e sensacionais
a água que corre despreocupada e serena
mata a sede a todas as aves e animais.
Por esta altura do ano e depois das colheitas
gradua em repouso o envasilhado vinho
além de outras apanhas já feitas
prova-se o novo vinho no S. Martinho.
Socalcos de extensas vinhas excecionais
expostas e abrigadas ao soalheiro
de cores variadas e desbotadas outonais
fazem sorrir o seu dono vinhateiro.
São fonte rica de rendimento
o vinho, a amêndoa e a azeitona
e outros mais produtos são suplemento
que abundam por aquela zona.
Lindíssimo panorama paisagístico
onde tudo isto existe em abundância
é procurado tal lugar turístico
de farta e refinada exuberância.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Lembro-me daquele cheiro verdadeiro
da velha casa da minha avó
um enorme casario hospitaleiro
de sótão a cheirar a antigo e a pó.
Ninguém ia para lá exceto eu
era para mim dos mais bonitos recantos
de coisas antigas parecia um museu
com velhos móveis, retratos e santos.
Lembro-me tão bem do velho sótão
daquele velho e espaçoso casario
nas junções do soalho havia cotão
de verão era quente e de inverno frio.
Velho sótão que recordo com prazer
o bater das janelas com a minha alegria
lembro-me da minha avó a repreender
zangada pelo barulho que eu fazia.
Antigos retratos ordenados ao pé dos santos
sobre panos de renda de branco linho
os retratos e os santos eram tantos
nos móveis arrumados com mestria e carinho.
Velho sótão a cheirar a lenha queimada
da extensa casa da minha avó tão singela
dava-me pão com marmelada
e arroz-doce enfeitado com canela.
Se por magia o tempo volta-se atrás
até quando então eu era menino
tempo que relembro e hoje muito me apraz
recordar o velho sótão daquele velho casario.
São lembranças do meu tempo ido
na minha vida jamais as vou esquecer
aquele velho sótão de soalho polido
de velhas tábuas a balancear e a ranger.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
Um pedaço de pão suado
uma garrafa de vinho na mesa
um caldo a fumegar condimentado
é divinal refeição da pobreza.
Calmamente em paz degustada
com amor, paz e tranquilidade
para quem não tem nada
é completo repasto pela dificuldade.
Os pobres contentam-se com pouco
por humildade e gratidão
nada têm e nem tampouco
sentem rancor no coração.
Se eu pudesse!
Dar-lhes-ia bem estar expresso
compensava-os sem interesse
com um justo salário e progresso.
ArtCar (Artur Cardoso)
Poema de minha autoria).
Andei a arrumar nesta tarde
um velho e carcomido armário
remexi todas as gavetas e por casualidade
encontrei um antigo diário.
Senti o desejo imenso
de o abrir naquele mesmo instante
cheira a bafio e a incenso
porém, parecia insignificante.
Se voltasse à idade das ilusões
das memórias escritas no diário
ao tempo de arrebatar corações
do meu precioso rosário.
Antes, durante e até após
há coisas que dão que pensar
mormente quando estamos sós
e nos fazem de amor recordar.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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