O frio seco faz-me reparar
na beleza bucólica a adormecer,
é o outono a chegar
e com ele traz o encanto do
seu permanecer.
As noites já começam a ser frias,
os dias lentamente a mingar,
a alegre passarada por tirania
debandou para outro lugar.
Desço as escadas para o jardim,
reparo nas folhas a desbotar,
secam os maracujás e o alecrim,
é o outono a chegar.
O vento acaricia as macieiras
com as maçãs maduras à feição
e as folhas secas das videiras
caiem inertes no chão.
Quanta saudade redundante
neste dia de sol a brilhar a pino,
lembro este tempo semelhante
ao de um dia quando era menino.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria)
Ao nascer da madrugada oiço
serenas cantigas,
vozes divinas a cantarem para mim,
a lua com as mais raparigas
cochicham segredos que enfim.
Desce do céu sorrateira,
bate à janela do meu quarto,
lua minha leal companheira,
faz-me levantar de um salto.
Traz no olhar a cor da prata,
um sorriso lindo desafiador,
de surpresa quase me mata
antes do despertar do alvor.
Saio de casa de madrugada,
de mão dada com a lua,
no deslumbramento daquela toada,
choram as pedras da minha rua.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
O bem!
É dignidade, amor, pundonor,
alma limpa e consciência tranquila,
também é amor por uma flor (…),
vida e luz que cintila.
O mal!
Atitudes dantescas de irreflexão,
perversidade e perturbação mental,
pérolas preciosas atiradas ao chão,
força de génio impetuoso e irracional.
Tal como um transmissor/recetor,
dois lados que existem em todos nós,
o bem é o lado do amor
e o mal, hediondo e atroz.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Procurei por tudo o que era ruas, ruelas
e travessas,
deambulei em meandros nos vai e vem da sorte,
virei este e o outro mundo às avessas
para um dia encontrar a minha consorte.
Como eu te conheço tão bem Maria,
como as linhas da palma da minha mão,
se tu soubesses por o que passei um dia,
em busca do teu miraculoso coração.
Dormi num velho e desabitado casebre,
numa cama tosca a cair de carunchosa,
receei o pior, tive medo, chorei, fiz febre
e nunca desisti de ti, minha flor formosa.
Vai daí,
o destino deu as mais variadíssimas voltas,
trocou-mas na sua desleal caçada,
ainda assim caminhei, bati a todas as portas
mas encontrei-te,
encontrei-te minha amada.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Este meu amor por ela é imenso,
não me julguem por gostar tanto dela,
perdoar-me-ão por o que penso
mas vejo-a todos os dias da minha janela.
Não posso deixar de tanto a amar,
nem sequer por um segundo,
dela não me consigo livrar,
amo-a tanto como amo o mundo.
Faz parte do meu universo tal como o sol,
a lua, o mar (…),
toda, toda a sua beleza,
amar, amar (…), é gostar
de toda a Mãe Natureza.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Oiço um melancólico cantar
tão triste, triste e tão bonito,
vem dos lados do mar,
das alturas do infinito.
Voz de amor, voz de embalar,
tão harmoniosa e angelical,
que me faz sonhar, chorar,
com o seu cantar magistral.
Como eu gosto de a ouvir
àquela hora de adormecer,
vem do céu a sorrir
vem até mim a descer.
Gotejam lágrimas salgadas
de um amor incondicional,
tantas lágrimas derramadas
desse infinito colossal.
Amar incondicionalmente
e ter o prazer de viver,
é amor profundo e constante
de quem não quer morrer.
Oiço uma voz bonita e triste,
dos céus, em direção a mim,
se essa voz existe (…),
por amor,
dá-me o teu amor sem fim.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Nunca lhe dei grande importância,
embora bonita, bela, florida,
ainda era eu uma criança
e nunca a imaginei pérfida.
As flores são a minha perdição,
amo-as, cheiro-as, aperto-as
contra o peito,
coisas inexplicáveis do coração,
foi e é, será sempre o meu jeito.
Mais tarde quando a conheci,
taciturna, rude, mal-humorada,
na realidade foi assim que eu a vi
durante anos a fio em mim agarrada.
Via nela o amor que não existia,
nunca reparei na maldade que tinha,
agarrados um ao outro noite e dia,
chamo-lhe simplesmente de minha.
Meu amor divino, minha amada,
doce razão de viver,
sem ela não seria nada,
a ela devo o meu ser.
É a mais bela de todas,
embora muitos lhe chamem pérfida,
anda, desanda às voltas como rodas
mas é minha, a minha vida.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
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