Da minha janela vejo o anoitecer,
sobre os telhados e o arvoredo,
apresso-me desejoso a escrever
o intróito dum modesto enredo.
Recolhem as aves aos ninhos,
os insectos voam agitados à volta,
vão para a cama os velhinhos
e os cães latem excitados à solta.
Confinado no meu pequeno espaço
observo o anoitecer fascinante,
suscita-me deslumbramento (…),
voa um morcego com desembaraço,
mágico e interessante visitante,
avidamente à procura de alimento.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Antes de adormeceres
vem espreitar à janela,
vem amor para veres
esta noite tão bela.
Vem de mansinho ao luar,
ver a natureza adormecida,
uma triste rosa a chorar,
vem vê-la sozinha esquecida.
Não merece estar sozinha,
ao luar a padecer,
vem à noitinha,
vem amor comigo ter.
Queria tanto adivinhar,
como te estás a sentir,
saberes que a rosa está a chorar
e tu certamente a dormir.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Fingem os mentirosos e os hipócritas,
ludibriam sem saberem o que é o amor,
são verdadeiros invasores parasitas
que causam a desgraça e o horror.
Quem ama com autenticidade
sabe verdadeiramente o que é sofrer,
porque o amor é para lá da amizade
e é difícil de se entender.
Não conheço nenhuma pessoa feia
e tenho grande apreço por o amor fidedigno,
o amor é dependência cega que enteia,
é um sentimento inexplicável e digno.
Quem feio ama e dos seus amores se regozija,
é verdadeira afeição de apego,
quem afirmar o contrário que me corrija,
se é ou não, um profundo sentimento cego.
(ArtCar) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
A rosa é inocente,
bonita e engraçada,
chega a ser comovente
a maneira como é tratada.
O atrevido do costume
fá-la de vergonha corar,
a rosa sem azedume
anda ansiosa para o beijar.
A bela rosa formosa
na veemência do desejo,
de boca ávida e sequiosa,
espera um só beijo.
Quantos beijos já lhe deu,
outra que é mais atrevida,
atrevido fosse eu
e seria a rosa da minha vida.
(ArtCar) Artur Cardoso
(poema de minha autoria).
Cai no jardim de levezinho
como à muito a não via,
cai tão leve, de mansinho,
há hora do meio dia.
Molha ao de leve o arvoredo
tão suave e tão mansinha,
como quem diz um segredo,
cai levemente chuva miudinha.
As gotículas fazem um bailado,
empurradas pela brisa do mar,
surpreso, fico encantado
em vê-la cair a dançar.
Fico ainda mais surpreendido
ao ver as gotículas a brilhar,
o sol meio adormecido
entra de mansinho no gotejar.
Um enormíssimo arco sobre o mar,
o arco iris das sete cores
e a chuva miudinha a cair do ar,
cai de mansinho, cai nas flores.
ArtCar (Artur Cardoso)
(poema de minha autoria).
Pétalas desmaiadas de lindas flores,
desprendem-se quando amarelas,
depois de perderem as cores,
já ninguém quer saber delas.
A distância pela saudade, magoa,
é tão escura como uma nuvem negra,
toda a gente que é gente, é pessoa
e como toda a gente, não fujo à regra.
Quero dar um longo passeio,
voar como uma gaivota em liberdade,
na tua companhia e em recreio
porque a distância não mata a saudade.
Quero voar, voar sobre o mar contigo,
voar, voar pelo ar, consolado,
quero ser eternamente teu amigo,
matar saudades a teu lado.
ArtCar (Artur Cardoso)
(poema de minha autoria).
Fascina-me a bravura do mar
como me fascina quem tu és,
uma onda intrometida de enrolar
vem divertida a acariciar os teus pés.
Quero tanto a tua felicidade,
ver-te rir por tudo e por nada,
fascina-me a tua espontaneidade
mas a postura que por vezes não
me agrada.
Chega no entretanto a hora do sol se por,
cruzam-se gaivotas a fazer barulho no ar
e tu sempre a rir, a rir feliz de amor
aos olhares fascinadores do mar.
O por do sol no mar, faz magia,
sem condicionamento ou restrição,
o deslumbramento da tua alegria
é a minha predileta fascinação.
ArtCar (Artur Cardoso)
(poema de minha autoria).
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