Padeci de agruras da vida
depois de atravessar o mar,
como uma triste ave ferida,
contundida sem poder voar.
Bebi água conspurcada e estagnada,
saltei rochedos, paredes e muros,
comi pão bolorento sem nada,
pedaços secos e duros.
Atravessei ribeiros e rios,
passei por manhosas pontes,
aceitei vários desafios,
andei em sítios ermos e ignorados,
caminhei por vales e montes,
desertos e lugares tórridos.
Andei perdido sem norte,
de pés descalços, esfarrapado,
enfrentei a temível morte,
angustiado e aterrorizado.
Tu, que subestimas a coragem e
a honradez dos mortais,
caçoas do fragilizado, do
condicionado, do mal amado,
do velho,
não aprendeste a doutrina dos
teus ancestrais
e vês a tua imagem distorcida
ao espelho.
Tu, não sabes o que são perigos,
nunca sofreste como eu,
tenho amor, tenho amigos,
uma bênção do céu.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(Poema de minha autoria).
Como te compreendo meu mar,
em dias de revolta e de calmaria,
tantas e quantas vezes a chorar,
escrevo a minha poesia.
Conheço bem o fadário da tua sorte,
como a grandeza da tua beleza,
quem te quer levar à morte,
belisca deveras a minha natureza.
Assim como te amo será pecado?
tal como quem ama a poesia,
o amor também é meu fado
e a poesia, imprescindível guia.
A ti…, meu mar, um recado (…),
um sopro fresco de magia,
é nos meandros do teu fado
que busco a minha poesia.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(Poema de minha autoria).
Presencio os movimentos no rio,
as gaivotas no cais a esperar,
alguém de longe dá um assobio,
é um barco de pesca a chegar.
Ei-lo nas manobras a atracar,
começa a azáfama no cais
e as gaivotas atentas a esperar,
o peixe que não vale mais.
Por fim, corre uma brisa passageira,
leva-as para lugar incerto,
aproxima-se a noite a cair ligeira
e o cais fica deserto.
Ansiosas que chegue o dia,
e o barco que vai para o mar,
gaivotas atentas de vigia,
no cais,
à espera do barco a atracar.
(ARTCAR) Artur Cardoso
(Poema de minha autoria).
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