Antigamente as ruas da minha terra
cheiravam a ovelhas e a arçã
quando o gado passava para a serra
logo ao despertar da manhã.
Cheiravam a palha seca no verão
a estrume transportado em carros de bois
com destino aos campos para adubação
e curtido por muitos orvalhos e sois.
Antigamente sentava-me na soleira da porta
a apanhar a aragem fresca da noite
comia fruta madura da horta
e a hora de me deitar era antes da meia-noite.
Antigamente bebia água da cantara de barro
comia pão amassado pelas padeiras
e bebia água fresca da fonte pelo cacharro
e comia figos maduros diretamente das figueiras
Antigamente os miúdos eram mais saudáveis
brincavam nas ruas em liberdade
eram humildes, amistosos e sociáveis
mas também rebeldes e com alguma maldade.
Antigamente as raparigas eram jubilosas
os rapazes tinham vergonha ao pé delas
e as mais formosas
as mais formosas eram vaidosas e belas.
Antigamente para dar um beijo a uma
tinha que estar muito bem escondida
e ainda assim não se atrevia nenhuma
senão, logo a seguir ficava comprometida.
Já não existem as ruas de terra batida
onde brinquei com os meus amigos
lembro-me bem da minha despedida
e dos meus áureos tempos antigos.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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