Noutros tempos, tempos já idos
no tempo do arroz avulso
ouviam-se pelas ruas alaridos
de carros de bois guiados por homens de pulso.
Passavam por mim carregados a chiar
puxados por bois pachorrentos e fagueiros
e os carreteiros a aguilhoar
para os fazer andar mais ligeiros.
Ainda me lembro tão bem
das eiras onde malhavam o pão
era gente honrada e de bem
que trabalhava com destreza e determinação.
Muito boa gente não faz a mínima ideia
o que era trabalho inseguro
na eira para se ganhar tuta e meia
era preciso malhar no duro.
Quanto suor derramaram
por vezes em estado comovente
e sempre alegres, sempre lutaram
para tocar a vida para a frente.
Gente de luta e de fé
que se deitava à luz da candeia
uma côdea de pão e uma caneca de café
era o suficiente para a última ceia.
Carros de bois, de bois leais
que trabalhavam de sol a sol arduamente
assim como os nossos ancestrais
sempre rijos a trabalhar do nascer ao sol poente.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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