Lembro-me daquele cheiro verdadeiro
da velha casa da minha avó
um enorme casario hospitaleiro
de sótão a cheirar a antigo e a pó.
Ninguém ia para lá exceto eu
era para mim dos mais bonitos recantos
de coisas antigas parecia um museu
com velhos móveis, retratos e santos.
Lembro-me tão bem do velho sótão
daquele velho e espaçoso casario
nas junções do soalho havia cotão
de verão era quente e de inverno frio.
Velho sótão que recordo com prazer
o bater das janelas com a minha alegria
lembro-me da minha avó a repreender
zangada pelo barulho que eu fazia.
Antigos retratos ordenados ao pé dos santos
sobre panos de renda de branco linho
os retratos e os santos eram tantos
nos móveis arrumados com mestria e carinho.
Velho sótão a cheirar a lenha queimada
da extensa casa da minha avó tão singela
dava-me pão com marmelada
e arroz-doce enfeitado com canela.
Se por magia o tempo volta-se atrás
até quando então eu era menino
tempo que relembro e hoje muito me apraz
recordar o velho sótão daquele velho casario.
São lembranças do meu tempo ido
na minha vida jamais as vou esquecer
aquele velho sótão de soalho polido
de velhas tábuas a balancear e a ranger.
ArtCar (Artur Cardoso)
(Poema de minha autoria).
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